PERIANTÃ : poesia expandida na Amazônia paraense.
Andreev Veiga
Andreev Veiga é poeta. Em 2012 recebeu o Prêmio Bolsa Funarte de Criação Literária com o projeto “Insular Palavras”. Em 2013 foi contemplado com a Bolsa de Criação e Experimentação Artística, IAP, com o projeto “Entre Portas – passagens da memória”.
Teve a videoarte “um legado que não verás nunca mais”, selecionada na mostra da 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, 2020.
É autor de três livros, dois como autor e um como organizador. Como autor: diálogonuvem, (FCP, 2016) e O mergulho do afogado (Kotter Editorial, 2019). Como organizador: O vento continua, todavia – dez vozes da poesia contemporânea em Belém (Kotter Editorial, 2020).
FILME 01: Ballet. 3’53”. 2018. Videoarte.
Sinopse: Durante a reforma de uma instituição pública dedicada às diversas linguagens artísticas (Casa da Linguagem), o encontro de duas situações promovem um outro ballet: a música que ultrapassa a aula de dança em uma das salas, alcança o espaço externo onde os trabalhadores da obra estão. Seus corpos evoluem em movimentos ao som da música que os alcança, mas há arestas, uma certa desarmonia, não pela inabilidade dos trabalhadores, mas porque, sutilmente, há um contraste, uma questão que se instala: uma metáfora do distanciamento entre a arte e o cidadão. Distância que, como bem sabemos, é histórica em nosso país. Marcada pela dificuldade de acesso que certas camadas sociais têm em relação à arte. Mas aqui nesse vídeo, embora ainda em descompasso, tal acesso parece querer se instalar pelo acaso, mão que parece muitas vezes, desenhar as lacunas e abismos da sociedade.
FILME 02: A espera. 7’05”. 2023. Videoarte.
Sinopse: Diante do mar – a imagem/metáfora do tempo, que a tudo se impõe – uma cadeira arde em chamas e não se consome. O homem diante e dentro da vida, do tempo; que parece sempre esperar, resiste. Todos os sonhos, crenças, arte, projetos e demais fluxos humanos são modos de dar sentido à vida, de não se consumir na angústia que é experiência da vida dentro do tempo: fadada ao inevitável fim, porém a condição humana guarda a inabalável resistência do próprio homem contra o tempo. Condição que se renova a cada homem que, quando entra no mundo, renova o ciclo de “arder” , “esperar”, resistir.
FILME 03: Antes que chegue. 2’22”. 2018. Videoarte.
Sinopse: Um homem sentado numa calçada. Em seu rosto oscilam expressões de angústia, inquietação e resignação. Espera por algo, ou melhor, espera que algo aconteça. Que intervenção espera? E parece não poder mais que isso: esperar por algo. Antes que chegue o que não espera. Antes que o desespero se instale por completo. Antes que a angústia o aplaque por completo. Sua única esperança é esperar. Há nele uma perda, uma ausência, uma violência, uma agressão guardada que se revela no corpo, no rosto que se contorce.
FILME 04: Um legado que não verás nunca mais. 1’57”. 2020. Videoarte.
Sinopse: O testemunho de um filho, poeticamente frustrado com a ausência do pai.
FILME 05: Liturgias. 5’04”. 2021. Videoarte.
Sinopse: Duas realidades. Dois mundos, cada um dentro de seu cotidiano. Um, marcado pela esquizofrenia; o outro, dentro de um shopping Center, segue a dinâmica do consumo. Mas o que temos são duas esquizofrenias que seguem suas liturgias. Tal qual uma religião, seguem certas da ordem e do movimento de seu mundo. Qual loucura é mais insana ou sã? Pois seguem envoltos em suas realidades, certas como uma religião qualquer.
Antônio Moura
Antônio Moura nasceu em Belém do Pará, 1963. Poeta e tradutor, tem quatorze livros publicados, dez no Brasil e quatro no exterior. Poesia: Dez, Supercores; Hong Kong & outros poemas, Ateliê Editorial,; Rio Silêncio, Lumme Editor; A sombra da Ausência, Lumme Editor; A outra voz, Editora Patuá. Tradução: Quase-sonhos, Jean-Joseph Rabearivelo, Lumme Editor; Traduzido da noite, Jean-Joseph Rabearivelo, Lumme Editor; Contra o segredo profissional, César Vallejo, Lumme Editor; Este gesto-nuvem, Isaelle Lagny, Edições do Escriba. Edições no exterior: Silence River, Arc Publications, Reino Unido, premiado na John Dryden Translation Competition, tradução de Stefan Tobler, com turnê de lançamento por oito cidades da Inglaterra; Crossing, Arqueria Edittorial, Inglaterra, tradução de Stefan Tobler; Després del diluvi i altres poemes, Edicions 96, Valéncia, Catalunha, tradução de Joan Navarro; Río Silencio, Editora Calligrammes, México, tradução de Victor Sosa. Tem sido publicado em diversas revistas e antologias nacionais e internacionais na Inglaterra, Portugal, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e França.
FILME 01: Matança. 3’24”. 2024. Videoarte.
Sinopse: A peça tem como tema o assassinato de indígenas no Brasil, provocado por várias questões, entre elas a violência de fazendeiros e grileiros pela usurpação e controle de terras. Para a expressão in tottum do mote o videoarte “Matança” apresenta-se em uma unidade híbrida composta de várias linguagens: discurso verbal, animação gráfica, colagem sonora e música indígena.
FILME 02: The invisible war. 4’51”. 2024. Videarte.
Sinopse: O videoarte “A guerra invisível” faz um contraponto entre a segunda guerra mundial e a guerra híbrida atual. Para isso utiliza-se de uma transmissão radiofônica da BBC de Londres, do dia 6 de junho de 1944, o Dia D, e uma reprodução da imagem de abertura do filme Matrix, cobrindo a leitura do texto homônimo.
FILME 03: Caixa de sombras. 8’50”. 2024. Videoarte.
Sinopse: É uma obra aberta que pode ser lida em várias camadas: política, na ascensão do neofascismo; apocalíptica, na expansão da pandemia; psicanalítica, na forma de fantasmas interiores ou ainda de outras perspectivas que se possa vislumbrar. Isto se dá por meio de uma personagem que é continuamente ameaçada por uma "sombra" que a sitia e vai progressivamente ocupando e reduzindo seu espaço, até ela encontrar através da arte, da poesia e do conhecimento uma saída contra esta ameaça.
Danielle Fonseca
Danielle Fonseca, 1975. Belém/PA.
Artista Visual e Escritora; sua poética é composta a partir de elementos da literatura, poesia, filosofia, de música e da paisagem. Participa de exposições, projetos artísticos e literários.
Em 2022 realizou o filme "Um céu partido ao meio" (16’33) que participou da exposição Raio-que-o-parta: Ficções do moderno no Brasil (SESC 24 DE MAIO/SP); Selecionado para Mostra Competitiva do Amazônia FiDoc 2022; Selecionado para o 30° Festival de Cinema de Vitória; Selecionado para a Mostra Sesc de CINEMA 2023; Selecionado para o Festaival de TV e Cinema de Muqui (ES) e Premiado na categoria Mostra Nacional de TV.
Possui obras nos Acervos: Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas – Belém/PA; Museu de Arte de Belém (MABE) –Belém/PA; Museu de Arte do Rio (MAR)–Rio de Janeiro/RJ; Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) –Curitiba/PR; Museu de Artes Plásticas de Anápolis Anápolis/GO; Fundação Rômulo Maiorana - Belém/PA; Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) –Porto Alegre/RS.
FILME 01: É preciso aprender a ficar submerso. 2'42”. 2011. Videoarte/videopoesia.
Sinopse: O vídeo "É preciso aprender a ficar submerso" é baseado no poema "O dia em que gottfried been pegou onda" do escritor Alberto Pucheu, aliás o próprio Alberto fez a narração do vídeo durante a produção do filme "A Vaga". Neste vídeo a criança ou o devir-criança tenta aprender a surfar e sem saber que está sendo filmada, me faz refletir a respeito de arte,vida,literatura e filosofia. Aprender a ficar submerso por algum tempo é tanto para o surf quanto para as artes e, porque não, para a vida, um ato de co-habitar um território de reflexão, de transição, de enfrentamento."
FILME 02: Nossos passos fazem jorrar a sede. 2'55". 2009. Videoarte.
Sinopse:Videoarte parte da pesquisa "O Destino da Palavra é Tornar-se Água" (2009) livre inspiração no poema "Água" de Edmond Jabés (Cairo, Egito,1912- Paris,1991) "A areia brilha como a água na sede inextinguível".
FILME 03: A dama do mar não sente ciúmes. 5’32”. 2020. Videopoesia.
Sinopse: O “A Dama do mar não sente ciúmes” de Danielle passou de uma linguagem escrita para ser representado, na mostra, por meio de esculturas, fotografias e de uma instalação sonora, e agora o vídeo que inclui uma leitura na voz da cantora e atriz Cida Moreira. Sobre isto, Danielle comenta: “A voz de Cida Moreira veio como uma luva, um blinde a este texto, ela fez uma leitura brilhante, como tudo que faz. O canto mágico da sereia”, e a artista ainda explicou: “Neste trabalho falo um pouco de memórias, minha relação com a água, o mar e o teatro”.
O videopoesia foi inspirado no texto A DAMA DO MAR de Heníik Ibsen.
Galvanda Galvão
Izabela Leal
Galvanda Galvão é videoartista, colagista, fotógrafa, professora e escritora. Graduada em Ciências Sociais (PUC-SP). Mestra em Teoria Literária (UNESP-SP) e Doutoranda em Artes (PPGArtes-UFPA). Publicou os livros UMLANCEDEDENTES (2017) e AMENINAANOLIMOC (2013). Participou de diversas exposições como “Respiro” (CCBEU/MABEU- 2020) e “Tenho medo de perder esse silêncio” (Casa de Artes de Icoaraci – 2019). Participa dos projetos de artivismo Cidade em Frestas e Rádio Estamira. Realiza pelo seu coletivo Sibila Filmes diversos experimentos audiovisuais e artísticos. Prêmio Seiva de Arte e Cultura (FCP/Casa das Artes – 2016). Ilustrou livros para autores como Izabela Leal, Marcelo Ariel e Vicente Cecim.
Izabela Leal é poeta, artista visual e professora de literatura. Como poeta, recebeu o Prêmio Rio de Literatura pelo livro A intrusa (2016) e publicou poemas em revistas e antologias no Brasil, México, Espanha, França e Alemanha. Como videoartista, realizou algumas produções que estabelecem uma interface entre cinema e literatura. Entre outros trabalhos no campo das artes visuais, realizou em 2019 sua primeira exposição individual intitulada M.A.S. Vida de papel na galeria Theodoro Braga (Belém).
FILME 01: Transluciferação. 3’45”. 2019. Videoarte.
Sinopse: Baseado na peça Doutor Faustus liga a luz, da escritora norte-americana Gertrude Stein, o curta Transluciferação (2016) propõe um diálogo entre imagem, música e poesia, apresentando um percurso pela cidade e um discurso sobre a cidade. Filmado em Belém do Pará, a curta retoma o tema do Fausto para repensar a modernidade a partir dos processos de industrialização e das aglomerações urbanas, de onde se desdobram labirintos, caminhos e linguagens em circularidade. O tema central da peça de Gertrude Stein é a subjetividade ofuscada pela “luz elétrica” e pelos dispositivos de aceleração do tempo, a partir dos quais se constituem o saber e a negociação sobre o conhecimento. O título do curta remete a Lúcifer, figura evocada pelo poeta Haroldo de Campos, que criou esse termo como uma provocação desenvolvida ao longo de sua tradução do Fausto, de Goethe.
FILME 02: Nam sibyllam. 6’53”. 2023. Videoarte.
Sinopse: A videoarte Nam Sibyllam discute a presença do poeta norte-americano T. S. Eliot (1888-1965) na obra do poeta Mário Faustino (1930-1962). É possível perceber essa afinidade na tradução de “Death by Water”, quarta parte de “The Waste Land”, assim como no poema “Nam Sibyllam”, que integra o único livro de Mário publicado em vida, O homem e sua hora. O poema de Mário, assim como “Death by Water”, retrata a impotência humana diante da morte, explorada em imagens eloquentes daqueles que perderam a vida, entregues ao turbilhão das águas e às areias sibilantes.
FILME 03: Entre o anjo e o polichinelo. 6’27”. 2020. Videoarte.
Sinopse: A videoarte Entre o anjo e o polichinelo pretende apresentar, a partir do diálogo entre várias linguagens ¬- cinema, poesia, fotografia, escultura –, a imagem do poeta como “pintor da vida moderna”, evidenciando um tempo em dissolução. Por volta de 1940, o poeta belenense Paulo Plínio Abreu (1921-1959) estava iniciando a sua produção artística, publicando poemas e traduções no Suplemento Arte-Literatura do jornal Folha do Norte, coordenado por Haroldo Maranhão. Posteriormente, traduziu as Elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke (1975-1926), junto com o antropólogo alemão Peter Paul Hilbert (1914-1989), na época residente em Belém. Para Paulo Plínio Abreu esse projeto tradutório certamente representou uma abertura de horizontes ante a literatura estrangeira, gerando efeitos estéticos inesperados em sua própria obra, o que possibilita a reconfiguração de imagens da poética rilkeana, tais como a o “anjo” e a “boneca” (polichinelo), no horizonte amazônico.
FILME 04: Cartas e videntes. 9’15”. 2020. Videoarte.
Sinopse: A videoarte Cartas (e)videntes apresenta uma leitura expandida das Cartas portuguesas de Mariana Alcoforado, transportando o horizonte da freira enclausurada do século XVII para o mundo contemporâneo. As cinco cartas de Mariana desdobram-se na performance de cinco mulheres, exibindo desejo e dor, paixão e abandono. Dissonantes no cenário da escrita marcado por homens, as Cartas foram consideradas um ícone da ousadia feminina. A ultrapassagem do corpo e da paixão amorosa faz surgir uma nova sensibilidade: a mulher escritora cuja voz salta fronteiras e ecoa em tempos múltiplos e diversos, disseminando a sua índole cada vez mais transgressora.
Marcílio Caldas Costa
Marcílio Caldas Costa é poeta, artista visual e editor. Autor de celina... (Ed. Paka-Tatu, 2008. Prêmio Vespasiano Ramos da APL) e depois da sede (Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura – 2010, poesia). Em 2010 foi contemplado com a Bolsa FUNARTE de criação literária pela obra poética todas as ruas. Como artista visual participou de várias exposições coletivas pelo Brasil. Realizou a exposição individual entre o rumor e o silêncio (Galeria Theodoro Braga, 2015). Em 2009, escreveu o roteiro e codirigiu o curta-metragem “Muragens – crônicas de um muro”. Dirigiu, em 2016, o curta-metragem Pedaços de Pássaros, projeto selecionado pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Foi premiado com o “Prêmio Residência Farol” no Prêmio Diário contemporâneo de fotografia no ano de 2020, e selecionado nas edições de 2015, 2016, 2018, 2020 e 2021. Atualmente desenvolve o projeto de pesquisa e experimentação “Apócrifos”, pelo “Prêmio Incentivo às Artes e à Cultura” da Fundação Cultural do Pará, em que investiga as relações entre poesia e visualidade urbana.
Ministrou várias oficinas de criação literária e escrita criativa, a mais recente “Faces e disfarces da escrita”, pelo Laboratório de Escrita Criativa do SESC – PA, em maio de 2022. É editor da Mezanino Editorial.
FILME 01: Pedaços de Pássaros. 13 minutos. 2016. Animação.
Sinopse: O pássaro como metáfora das relações do homem no mundo contemporâneo. Fragmentos, pedaços da vida cotidiana abordados poeticamente. “Pedaços de pássaros”.
FILME 02: Muragens: crônicas de um muro. 12 minutos. 2009. Animação.
Sinopse: Muragens- Crônicas de um Muro faz uma interferência ficcional num recorte urbano real, o entorno do muro dos fundos do cemitério da Soledade em Belém do Pará. Apresentando situações diversas, pequenas narrativas – crônicas - nas quais o devaneio, o Non Sense, o caráter fictício da animação marcam a contação das mesmas.
FILME 03: A hora dos assassinos. 5 minutos. 2015. Videopoesia.
Sinopse: O vídeo A hora dos assassinos, nasceu da leitura do livro “O tempo dos assassinos” de Henry Miller (1891-1980). Diante de nós: três poetas. Três testemunhas de seu tempo, um tempo dos assassinos como disse Rimbaud em “Uma temporada no inferno”. E é a partir de Rimbaud e sua obra, que Henry Miller em “O tempo dos assassinos” faz uma reflexão acerca da sociedade contemporânea e da condição do homem e pensa a arte, a poesia como a verdadeira trincheira de resistência . Um tempo em que vivemos acuados pelas várias formas de violência que estão por aí, visíveis, todo dia em toda parte: nas ruas, na fábrica, na imprensa, na escola, na igreja, etc. Vivemos anestesiados pelo “fascínio” da vida atual que “assassina” a subjetividade e anula o humano. O poeta, em sua linguagem, defende a si e a nós com seu testemunho, com sua identidade protegida como o denunciador de um crime acuado pelo criminoso nesta hora dos assassinos que quer oprimir toda voz que pareça livre e autônoma.
FILME 04: A maioridade da memória. 3’ 42”. 2014. Videoarte.
Sinopse: O vídeo alude ao massacre dos 19 trabalhadores sem terra no ano de 1996, na curva do S em Eldorado de Carajás (PA). Fiz o vídeo no ano de 2014 quando o massacre completou 18 anos. Uma espécie de “maioridade” da barbárie e sua memória. Ao todo, 21 trabalhadores foram mortos (19 no local e outros 2 no hospital). Aqui, a memória resiste, permanece. Não quer ser esquecimento, não quer submeter-se ao que o tempo e sua passagem impõem sobre tudo e todos. E o silêncio é a única prece, oração que vela sua maioridade. Silêncio que atravessa o tempo e que alude ao nosso esquecimento e indiferença.
FILME 05: Igarité. 7 minutos. 2016. Videopesia.
Sinopse: A Oralidade como paisagem. A palavra fundadora, inaugural, originária. A voz tal qual um barco, nau - Igarité - percorre por entre o rio da imaginação. Nos lançando numa construção particular da paisagem. A fala do "Seu" Luiz, ribeirinho, morador da ilha do Combu em Belém, com suas nuances e peculiaridades nos conduzindo por uma narrativa - um barco - carregado de angustias, desejos, medos e demais aspectos inerentes ao homem universal.
Filme 06: Crescemos. 3’ 47”. 2014. Videoarte.
Sinopse: Num quintal vazio, a chuva acende a memória. O quintal, repleto de ausências, ecoa sua voz líquida por entre as árvores e o chão de um espaço afetivo. A chuva é, agora, não mais o elemento que compunha parte do exercício da infância e sua interação lúdica e afetiva com o lugar, com o outro, mas um lamento em meio a falta, a ausência. A cena: um desperdício de infância. O quintal, o balanço e a chuva chamam e lamentam. Crescemos e nos refugiamos na casa. Crescemos e nos refugiamos no mundo e suas urgências. Tudo parece chamar, convocar uma presença. Uma nostalgia nos abraça numa experiência sinestésica com a imagem.
IMAGEM 01: Epístolas da voz à deriva (Instalação de parede constituída por 36 fotografias de 29,70X42 cm. Tamanho total da instalação de parede: 2,20X2,92 m)
As fotografias que constituem a instalação de parede “Epistolas da voz à deriva”, foram feitas em três ilhas da região insular da cidade de Belém (ilha de Cotijuba, Ilha de Caratateua e Ilha de Mosqueiro). São fotografias das mesas de alunos de várias escolas públicas dessas ilhas, e antes de condená-las ou reduzi-las ao registro de vandalismo, prefiro pensá-las enquanto cartas dirigidas a todos nós. Páginas de um diário de um grupo social. Diferente de um diário convencional, estas “páginas” querem publicizar sua “voz”, estão endereçadas, embora muitos não as compreendam como tal. Cada mesa como página, pele de um corpo íntimo e suas muitas vozes. Temos também a precariedade e o abandono de um sistema social no qual a educação está inserida. A exposição de um corpo social degradado, ferido e deteriorado. Seria uma desfaçatez inferir tal degradação exclusivamente a quem senta diariamente diante de tais objetos, pois os mesmos são o fio de um tecido onde estamos envoltos. As mãos que o tecem são muitas e históricas. Temos expressões de indivíduos imersos num contexto social que constrói seus discursos e comportamentos: violência, bullying, autoafirmação, solidão, sexualidade, afetos, gravidez precoce, religiosidade, a influência excessiva da indústria cultural que estimula desejos de consumo, etc. Cartas que nos dizem muito daqueles que, lançados no mundo, parecem à deriva tal qual a região insular em que moram, alijada e “ilhada” do contexto socioeconômico local.
A instalação oferece a superfície, uma primeira camada que se desdobra em outras capazes de nos dizer muito de nossa sociedade e realidade atual.
Mayara
La-Rocque
Mayara La-Rocque é escritora, contadora de histórias e arte-educadora. Autora do livro de artista "Atravessa a tua viagem" (2016), da plaquete literária "Uma luminária pensa no céu" (Edições do Escriba, 2017). Tem trabalhos independentes na área da poética, artes plásticas, performance e audiovisual. Tem escritos publicados em diversas antologias literárias, além de zines autopublicadas. Participou do curta-metragem “Literatura por Elas”, produzido pela Fundação Cultural do Pará (2018). Produziu a série “Caminhos Poéticos da Escrita”, contemplada pelo Prêmio Rede Virtual de Arte e Cultura da Fundação Cultural do Pará (2021). É mediadora do curso “Escritas de si” e de outros laboratórios de criação poética.
FILME 01: Ervas, sonhos e outras alquimias, 4min59seg,
2021. (Videopoesia, videoperformance, videoarte).
Sinopse: Videoperformance de um corpo-mulher em rito, sob a palavra poética que invoca o canto ancestral, a cura e o sonho.
FILME 02: Ave, 1 min, 2020. (Videopoesia).
Sinopse: Um céu sob a rotação dos pássaros: palavra que se escuta por entre o voo.
FILME 03: Película azul, 49 seg,2020. (Videopoesia).
Sinopse: Videopoema feito a partir do livro artesanal produzido pela técnica Cianotipia.
FILME 04: Encruzilhada de espelhos, 41’ seg, 2022. (Videopoesia).
Sinopse: Videopoema que percorre furos e rios amazônicos, águas barrentas que se nomeiam em imagens e extraem palavras que nascem do fundo. Aqui o poema se espelha no próprio rio, em vozes, curvas, dobras, ilhas e caminhos que não findam.
FILME 05: Raiz do amanhecer, 5’05”, 2024. (Videopoesia).
Sinopse: Palavras-Imagens que percorrem e arregalam entre ramos, galhos, germes, folhas e micro seres, a luz do sol. Uma voz que se busca entre as frestas do olhar para dar corpo ao vazio e, entre brechas, encontrar a raiz do amanhecer.
Ana Mendes
Tenho 39 anos, sou artista, fotojornalista/documentarista e mestre em ciências sociais. Trabalho e vivo na Amazônia brasileira realizando projetos multimídia (fotografia, vídeo e texto) que interseccionam arte, jornalismo e antropologia.
Debruçando-me principalmente sobre os temas relacionados à luta pela terra de povos e comunidades tradicionais no Brasil. Nesse momento estou fazendo o doutorado em artes pela Universidade Federal do Pará, sob orientação de Alexandre Sequeira.
Em 2019, ganhei primeiro lugar no Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger com o ensaio Pseudo Indígenas, que retrata o racismo contra duas populações indígenas com as quais atuo. Em 2022 fui indicada ao Prêmio Pipa. E esse ano, 2023, fotos minhas passaram a compor o acervo da Biblioteca Nacional da França (BNF).
As fotos apresentadas são do ensaio “Pseudo Indígenas”: Povos Akroá Gamella (MA) e Guarani Kaiowá (MS). As fotos selecionadas são dos Guarani Kaiowá (MS), com a técnica de foto digital com intervenção em tinta nanquim e carvão. A fotógrafa faz uma apropriação paródica desconstrutora de discursos racistas contra os indígenas e que desqualificam a luta desses povos por territórios e direitos e coloca esses discursos sobre as fotografias tiradas desses indígenas, gerando um contraste entre a ancestralidade, a dor e a firmação da que vemos nas fotografias, e as falas que as violentam.
Clei Souza
Clei Souza é professor doutor pesquisador em Literatura pela UFPA. É professor na mesma instituição. É poeta, crítico literário e artista visual. Em 2012 publicou o livro de poemas Úmido, resultado do prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura de 2010; em 2015 publicou o livro de poemas Poema Pássaro e outros versos migratórios, resultado novamente do prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura. Como videopoeta projetou suas obras em vários eventos no Brasil e na América Latina. Como fotógrafo teve a fotografia “Amazônia” selecionada para compor a exposição “Desejos para agora e para o Futuro”, no Pátio Metrô São Bento. Em 2021 foi contemplado com o prêmio Vicente Salles de Experimentação Artística, com o projeto de criação Poesia Expandida Urbana Amazônica e publicou o livro Não Espera Colheitas quem Semeia Pássaros, resultado do prêmio internacional de poesia Literatura e Fechadura. Em 2023 fez uma exposição individual de poesia e artes visuais chamada Visagens do Verso no espaço cultural casa do Fauno. Em 2024 participou da mostra Novíssimo Cinema Paraense, com o vídeo experimental Ó Marambaia: crônicas de um (não) país plurifeérico, além de publicar o livro de poemas Silêncios a plenos pulmões.
IMAGEM 05: Itacaiunas. 2021. Fotografia com dupla exposição.
Fotopoema que homenageia o bairro do cabelo seco, onde o rio Tocantins encontra o rio iatacaiunas, formando no mapa um Y, a partir do que o poema se constrói em um diálogo daquela comunidade de pescadores com a tradição literária sobre a navegação e o nome da cidade, que nasceu a partir daquela localidade.
FILME 01: Videopoética líquida. 4’:57”. 2021. videopoema.
Sinopse: A proposta do filme experimental Videopoética Líquida é que afetos ligados aos igarapés e ao rio Tocantins, ameaçado pela mineração, pelo garimpo, e pela destruição da floresta, sejam recuperados e alimentados por recursos tecnico-estéticos da linguagem poética contemporânea expandida, por meio do audiovisual, trazendo à tona fragmentos de vo zes, imagens e ruídos carregados de memórias e esquecimentos, articulados a uma poesia que reflita sobre as temporalidades dos diferentes grupos, sujeitos e territórios da Amazônia oriental, região ameaçada de savanização pelo agronegócio e pela mineração.
FILME 02: divagações do rio distante. 04’14”. 2024. videopoema.
Sinopse: videopoema que trata poeticamente da relação do sujeito amazônida com as águas. Filmado no Marajó, em Belém, Marabá, Bragança, Abaetetuba e Barcarena.
FILME 03: A sede. 40’ segundos. 2015. Videopoesia.
Videopoema A sede, feito na travessia da ilha de Cotijuba para Belém, explorando o ritmo da maresia com a temática da busca ligada ao desconhecido da noite e do riomar.
Paulo Vieira
Engenheiro Florestal (UFRA), Mestre em Desenvolvimento Sustentável (UFPa), Doutor em Literatura Brasileira (USP) e professor de literatura para povos da floresta na região da Transamazônica e Xingu, na Faculdade de Etnodiversidade, UFPa, Altamira. Autor dos poemas de Infância Vegetal (2004), Orquídeas Anarquistas (2007) e Belembrada (2019), publicou dez livros, dos quais sete foram premiados. Paulo Vieira reflete sobre as relações entre floresta e poesia em comunidades no interior da Amazônia por meio de aulas inovadoras https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/4584 e oficinas de criação poética para crianças e adultos https://www.youtube.com/watch?v=wPl3PhH9n3o. Realiza saraus, exposições, espetáculos de teatro popular, compõe canções e produz vídeo-poemas expondo as contradições e a diversidade social e ambiental na Amazônia brasileira.
VÍDEO 01: BREVE, 6m39s, 2023, videopoesia.
Sinopse: Dois personagens fazem uma caminhada a partir de uma estrada perdida, cruzando uma floresta até alcançarem seu destino. Ao longo do percurso um narrador faz considerações sobre a vida.
VÍDEO 02: TERRA DO MEIO, 4m53s, 2021, videopoesia.
Sinopse: Um poema em defesa do rio Xingu e das florestas que sobrevivem no formidável e ameaçado território da Terra do Meio, fronteire recente e ativa na Amazônia. O filme denuncia a degradação da vida na região por conta da instalação da barragem de Belo Monte.
VÍDEO 03: AMAZÔNIA - BEMBELEMEDO, MIRALTAMIRA, 4m31s, 2021, videopoesia.
Sinopse: As cidades de Altamira e Belém estão no cerne desse videopoema, ambas cidades amazônicas importantes do estado Pará, distantes mais de 800 quilometros entre si e irmanadas por conflitos, ataques aos direitos humanos, violência e degradação socioambiental.
VÍDEO 04: AKUANDUBA, videopoesia, 1m24s, 2021.
Sinopse: Akuanduba é uma divindade da mitologia dos índios Araras, que habitam a margem esquerda do rio Iriri, no estado do Pará.
Rodrigo Briveira
Rodrigo Briveira é natural de Belém (PA). Atua como professor, poeta, tradutor, videoartista, editor e agitador cultural. É autor de cinco obras das quais se destacam as mais recentes Escombros (2022) e Antilhas (2022). No momento é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/UFPA) e um dos organizadores do “Sarau do Povo da Noite”, evento que circula por espaços e bairros de Belém.
FILME 01: Ao pé da porta, 2’14, 2021, videopoesia.
Sinopse: Este vídeo é uma performance que gira em torno de dois extremos: o desejo de ficar e se proteger da Covid-19 e o de sair do isolamento e viver o que há pra viver, mesmo que façamos o segundo em nossa imaginação.
FILME 02: O exílio como mirante, 1’48, 2021, videopoesia.
Sinopse: Este vídeo é uma performance que busca ressignificar o exílio tanto como símbolo quanto lugar, transformando-o em um mirante, de onde podemos olhar para além de qualquer prisão seja ela qual for.
FILME 03: Contra os fanáticos que cultuam a náusea, 1’50, 2021, videopoesia.
Sinopse: Vídeo inspirado na música “A cavalgada das Valkírias” de Richard Wagner e no cenário político que se enfrentava no Brasil durante a pandemia de Covid-19. Trata-se de um convite, um chamado de resistência e luta.
FILME 04: Lume, 1’40, 2021, videopoesia.
Sinopse: Trevas, tempestade e momentos de luz é pelo que passamos durante a pandemia de Covid-19. Esse vídeo propõe um olhar intimista dessas três percepções sob um clima de mistério ante o que pode ser a luz no fim do túnel.
FILME 05: Off-line, 0’56, 2021, videopoesia.
Sinopse: Criado a partir de uma selfie em que apenas os olhos estão destacados, este vídeo é uma viagem entre vigília e sono noite adentro e como seu autor se sente mal sintonizado entre tudo isso.