A melancolia presente em muitos poemas de Essa Imagem Não Existe é nossa, dos sujeitos amazônicos, apesar da insistente imposição de uma euforia cordial e histérica à qual nossos corpos são, não raro, submetidos. Pois, sim, somos um povo triste, pelo espólio e castração política de nossas origens, cultura e recursos ambientais, mas redimensionamos filosoficamente a tristeza através das respostas e reações espessas que nos permeiam a espécie, reveladas nesse livro pelo denso trato com a palavra tão esquecida nesse país de tanto sudeste.
O bafo quente do norte é contemporâneo e experimental, desdobra-se composto por camadas profundas de exercício especulativo sobre nossa condição amazônida no mundo. Somos uns estranhos poetas porque talvez estejamos à margem e à frente das perspectivas ocidentais normativas sob as quais a carne está exposta e sangra e sobrevive.
Estamos em casa.
Com Felipe, forasteiros que somos, estamos sempre em casa.

Paloma Franca Amorim